Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração.

“A vida não é primeiramente uma busca por prazer, como Freud acreditava, ou uma busca por poder, como Alfred Adler ensinou, mas uma busca por significado. A maior tarefa para qualquer pessoa é achar o seu propósito de vida.” (trecho do livro “Man’s search for meaning” – tradução livre)
 
Meu pai estava estudando a Logoterapia, uma técnica psicoterapeuta desenvolvida pelo psiquiatra e psicólogo Viktor E. Frankl. Volta e meia ele me contava sobre o método, mas só me interessei mais sobre o assunto quando ele me falou sobre a história do livro “Man’s search for meaning” escrito pelo criador da técnica.

O livro foi escrito pelo médico enquanto ele era prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz na Segunda Guerra Mundial. No livro, o autor relata os horrores vividos na prisão, ao mesmo tempo em que faz uma análise das etapas psicológicas enfrentadas por aquelas pessoas que se encontravam numa situação não só absurda, mas também bárbara, desumana e caótica.

Senti nojo e pavor da nossa espécie. Como podemos ser tão cruéis uns com os outros? Entretanto, também fiquei bastante curiosa em saber como alguém consegue sobreviver a tanto tempo de tortura física e psicológica e, ainda assim, sair deste inferno com alguma sanidade mental para reconstruir e ressignificar a vida.

De onde vem essa força? Como essas pessoas mantiveram a esperança? Elas passaram fome, frio, sentiram medo, desespero, solidão e foram extremamente  humilhadas. Muitas, infelizmente, não retornaram destes campos de concentração, mas as que conseguiram se safar trouxeram consigo uma bagagem de sofrimento descomunal. Elas perderam tudo: família, amigos, emprego, dignidade, liberdade e respeito. Curiosamente, por algum motivo, esses seres humanos foram capazes de achar algum sentido para continuarem a seguir em frente.

Nestes tempos de tanta descrença na política nacional e internacional, nas relações pessoais e nas redes sociais, na vida em geral, vale sairmos um pouco do “botão automático” e refletirmos, buscarmos ou revermos o que verdadeiramente dá significado a nossa vida.

Eis alguns trechos do livro:

“Frakl teria argumentado que nunca somos deixados com nada enquanto nós mantivermos a liberdade de escolher como nós iremos responder.” (tradução livre)

“I had wanted simply to convey to the reader by way of a concrete example that life holds a potential meaning under any conditions, even the most miserable ones. And I thought that if the point were demonstrated in a situation as extreme as that in a concentration camp, my book might gain a hearing. I therefore felt responsible for writing down what I had gone through, for I thought it might be helpful to people who are prone to despair.”

“Don’t aim at success – the more you aim at it and make it a target, the more you are going to miss it. For success, like happiness, cannot be pursued; it must ensue, and it only does so as the unintended side-effect of one’s dedication to a cause greater than oneself or as the by-product of one’s surrender to a person other than oneself. Happiness must happen, and the same holds for success: you have to let it happen by not caring about it. I want you to listen to what your conscience commands you to do and go on to carry it out to the best of your knowledge. Then you will live to see that in the long run – in the long run, I say! – success will follow you precisely because you had forgotten to think of it.”

As ideias de Frankl me fizeram lembrar de uma frase do filósofo americano Daniel Dennet que não só gosto bastante como também procuro colocar em prática na minha vida. “The secret of happiness is: Find something more important than you are and dedicate your life to it.”


Comentários

  1. O experimento de Stanford mostra exatamente o quanro o ser humano é capaz de ser sádico com outro ser humano em tão pouco tempo...

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  2. O sentido da vida é viver, mas sem um sentido fica difícil viver... hum...

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  3. “Don’t aim at success – the more you aim at it and make it a target, the more you are going to miss it."

    This is so true. It can easy to forget though, especially with the focus of how success is defined in the media today.

    Thanks for sharing, abs!

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  4. Obrigado por me citar no seu blog. Fiquei lisonjeado! Frankl  foi um herói sobrevivente dos campos de concentração nazista.que devia ser lido por muito mais gente. Vejo nele um exemplo de combinação da "vontade de sentido", do "sentido do amor" e do "sentido do sofrimento", conceitos desenvolvidos na Logoterapia, obra magistral criada por ele, comprovada pela sua história de vida.

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  5. "Vida louca, já que eu não posso te levar ,quero que você me leve"

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